segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014



São Petesburgo, 9 de fevereiro de 1881

No tato mal feito das mãos que sangram
Trago o presente do velho corvo, repulsivo e nojento.
Tantos foram os gritos que evaporaram
frente à bruma etérea de nossos hálitos noturnos.

Noites decadentes.Valas abertas.

Trages finos sem pele.

Restam garrafas e corações vazios
 quebrados e já sem artérias.

Passos na escuridão
vagabundando as 3h da madrugada

distantes do sol, pervertindo a lua.


Perversa lua cheia, que transformou pra sempre
aqueles homens em lobos.

Não raptarei donzelas.
Há uma quietude muito triste nas coisas planejadas.

Desde meus amores abandonados na lama
até a dor pulmonar de não ter conseguido
tornar-me sequer um inseto.
Sujo e rastejante
repouso eu, sem culpa.




l.fontel.
à Fiodor

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