segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014



São Petesburgo, 9 de fevereiro de 1881

No tato mal feito das mãos que sangram
Trago o presente do velho corvo, repulsivo e nojento.
Tantos foram os gritos que evaporaram
frente à bruma etérea de nossos hálitos noturnos.

Noites decadentes.Valas abertas.

Trages finos sem pele.

Restam garrafas e corações vazios
 quebrados e já sem artérias.

Passos na escuridão
vagabundando as 3h da madrugada

distantes do sol, pervertindo a lua.


Perversa lua cheia, que transformou pra sempre
aqueles homens em lobos.

Não raptarei donzelas.
Há uma quietude muito triste nas coisas planejadas.

Desde meus amores abandonados na lama
até a dor pulmonar de não ter conseguido
tornar-me sequer um inseto.
Sujo e rastejante
repouso eu, sem culpa.




l.fontel.
à Fiodor
Colortrend, das máscaras.

Faminta
Etérea
Desenho com tinta negra
Os olhos para aquela noite.

Tenho receio do provável passo errado.
Torno rósea a face pálida ao
circundar possibilidades.

Misturando o desejo com o conforto de velhos amigos,
Colonizarei mentes desavisadas.

Na sombra fúnebre dos amores já mortos
Pontuarei patologias cárdio
Satirizando a esperteza dos homens.
tão convictos mortais.

E na fumaça lúgubre de um primeiro cigarro
Enrolarei nossos egos na corda de um poema enforcado.

Já totalmente mascarada de rímel escorrido
Farei com que doa, internamente, uma dor inaudível, contínua e
apaixonante.

A noite me cospe palavrões só pela suposição
De me utilizar de suas sombras para cobrir-me as cicatrizes.

Mas já é tarde
da beleza fiz pranto.
Da ignorância dos meus 15 anos à anomalia sentimental destes 21.

Sorrio, porque tenho
no rosto que a maquiagem esconde,

todos os desejos do mundo.

l.fontel.